Por: Alana Gandra. Fonte: Agência Brasil.
Fotos: brasilescola.com /
blogbestlens.com.br
Edição: Jorge Luiz da Silva
Laranjeiras, SE (da redação
Itinerante do Blog MUSIBOL)
Magé e Pinheiral são os novos municípios fluminenses que aderiram à Rede
BioFORT, liderada pela Embrapa Agroindústria de Alimentos, para implementar
ações de biofortificação de alimentos no estado. A Rede BioFORT existe no
Brasil desde 2003 e envolve cerca de 150 pesquisadores de várias unidades da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), institutos de pesquisa
estaduais e federais e universidades. A Embrapa Agroindústria de Alimentos está sediada no Rio.
O projeto piloto no estado começou no município de Itaguaí e a ideia é
avançar pelo interior. Ainda este ano,
a cidade de Rio das Ostras deverá se
tornar também parceira do programa.
O vice-coordenador da Rede BioFORT, José Luiz Viana de Carvalho, disse à
Agência Brasil que um acordo que será
firmado com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio de Janeiro
(Emater/RJ) permitirá expandir o projeto para outros municípios. “Porque o que
falta para a gente é ter sempre terra. A gente precisa de parceria para trazer
o município interessado para dentro do projeto e conseguir manejar isso de
forma mais profissional”, acrescentou.
Utilizando a técnica de melhoramento genético convencional, ou seja, o
cruzamento de plantas da mesma espécie, os pesquisadores conseguem obter
cultivares com maiores teores de zinco, ferro e pró-vitamina A, que combatem a
deficiência de micronutrientes no organismo. Em Magé e Pinheiral, o projeto
está sendo iniciado com cultivares de feijão e batata-doce.
O pesquisador da Embrapa informou que um dos principais objetivos do
projeto é fortalecer tanto a merenda escolar quanto a agricultura familiar. De
acordo com a regra em vigor, as
prefeituras devem adquirir 30% dos
alimentos destinados à merenda escolar da agricultura familiar. Para isso, é
preciso que esses agricultores tenham uma produção constante, o que ainda não
ocorre. “É um passo de cada vez que a gente vai dando”, disse Carvalho. “Por
isso é que a gente tem que estar sempre com um parceiro que possa suprir essa
questão da produção do material. Tem que ter alguém para a produção da semente,
para que ela possa virar grão”.
Em Pinheiral, por exemplo, serão distribuídas ramas de batata-doce, para
que a prefeitura faça uma unidade de
multiplicação, a fim de suprir os produtores locais para que deem seguimento ao
projeto. A Embrapa faz o acompanhamento de todo o processo, inclusive medindo o
interesse e a satisfação dos próprios agricultores diante dos resultados
obtidos. “Porque, por mais nutrição que tenha esse produto, o agricultor não
vende zinco, nem ferro. Ele vende quilo por hectare”, ressaltou. O que a
Embrapa faz é acrescentar ao produto a parte nutricional.
Itaguaí, por exemplo, já tem, desde 2010, uma Unidade Demonstrativa de Cultivos
Biofortificados instalada na Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Agricultura
e Pesca. Juntamente com as escolas municipais parceiras da Rede BioFORT, essa
unidade já atende a cerca de 20 mil crianças da região, informou a assessoria
de imprensa da Embrapa.
A deficiência de micronutrientes, conhecida como “fome oculta”, afeta
uma em cada três pessoas no mundo. Dados da Organização das Nações Unidas para
a Alimentação e a Agricultura (FAO) revelam que somente a deficiência de
vitamina A atinge 30% da população infantil global. No Brasil, esse número é
13%. José Luiz Viana de Carvalho
informou que o maior problema no Brasil, entretanto, é representado pelo
baixo teor de ferro e zinco.
Ele estimou que pelo menos 30% dos brasileiros têm algum tipo de
deficiência nutricional. “De alguma forma, a gente ainda tem problema de
anemia, até por alimentação errada”. Carvalho criticou o vício do lanche rápido, em substituição ao
tradicional jantar, entre as famílias. “É aquela pizza, aquele
cachorro-quente”.
A escolha de cultivares com maiores teores de ferro, zinco e
pró-vitamina A se deu porque, segundo Carvalho, “essas são as maiores carências
mundiais em relação à fome oculta”. Outra seria a carência de iodo, “mas esta
já está sendo bem atendida pelo programa do sal, que deu muito certo no mundo”,
lembrou o pesquisador.
No Brasil, os estados que apresentam maior carência nutricional são o
Maranhão e Sergipe. Por isso, eles foram os primeiros a receber os projetos de
alimentos da Rede BioFORT. As ações já se expandiram para o Piauí, Minas Gerais e o Rio de Janeiro
e começam a entrar também no Espírito Santo. “Vamos montando parcerias e vamos
abrindo (o leque)”, explicou Carvalho. A RedeBioFORT está presente ainda em
cerca de 40 países da América Latina, do Caribe, da África e Ásia. “É uma grande
aliança mundial”, disse.
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