Por: Fernanda Cruz. Fonte e fotos: Agência Brasil.
Edição: Jorge Luiz da Silva
Aracaju, SE (da redação
Itinerante do Blog MUSIBOL)
O Instituto Butantan, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP),
inicia em outubro os testes em seres humanos de uma vacina contra a dengue. A
vacina está sendo desenvolvida para combater, em uma única dose, os quatro
tipos da doença já identificados no mundo. Segundo Alexander Precioso, diretor
de Ensaios Clínicos do Butantan, nenhum outro país tem uma vacina como essa.
A vacina começou a ser desenvolvida em 2006, juntamente com os
institutos nacionais de Saúde dos Estados Unidos. Os vírus foram identificados
no país norte-americano e, posteriormente, transferidos para o Butantan, em
2010.
A técnica utiliza o chamado vírus atenuado. “Isso ignifica que o próprio
vírus da dengue é modificado para que seja capaz de fazer com que as pessoas
produzam anticorpos, mas sem desenvolver a doença”, explicou Precioso.
Os cientistas já testaram a vacina em mais de 600 norte-americanos. “Os
estudos lá mostraram que é uma vacina segura e que foi capaz de fazer com que
as pessoas produzissem anticorpos contras os quatro vírus”, disse ele. O
pesquisador explicou ainda que, nesses voluntários, não foram observados
efeitos colaterais importantes, apenas dor e vermelhidão no local da aplicação,
sensação comum para vacinas.
Porém, como os Estados Unidos não são uma região endêmica para a dengue,
nenhum voluntário que recebeu a imunização havia contraído a doença antes. No
Brasil, os testes vão envolver também pessoas que já tiveram dengue.
O cientista disse que, com base em estudos publicados no Sudoeste Asiático
e nos Estados Unidos, pacientes com histórico de dengue poderão receber a
imunização sem risco à saúde. “No início do desenvolvimento da vacina lá [nos
Estados Unidos], algumas pessoas receberam vacina monovalente, só de um tipo, e
depois outra dose de um vírus diferente, para ver se quem já tinha o passado de
dengue correria risco”, explicou.
Em uma primeira etapa dos testes brasileiros, que começam nesta semana,
serão recrutados 50 voluntários da capital paulista, todos adultos saudáveis e
que nunca tiveram dengue, com idade entre 18 e 59 anos, de ambos os sexos. Eles
vão ser imunizados em duas doses, com intervalo de seis meses entre elas.
A próxima etapa vai incluir pessoas com histórico de dengue e a vacina
será aplicada em dose única. Serão 250 voluntários da capital paulista e da
cidade de Ribeirão Preto, no interior do estado.
“Nós trabalhamos com a hipótese de que ela [vacina] será trabalhada em
uma dose, mas nos primeiros 50 voluntários serão duas doses”, disse Precioso. “Os
resultados de lá [Estados Unidos] demonstraram que a vacina já atua apenas com
uma dose. Como ela vai ser, pela primeira vez, utilizada em uma região endêmica
de dengue, vamos avaliar os dois esquemas [uma ou duas doses] e os dois tipos
de população [já tiveram ou nunca tiveram dengue]”, acrescentou.
A terceira e última fase vai recrutar pessoas de diversas partes do
país, de várias idades. “Ela vai gerar o resultado de que nós precisamos para
solicitar o registro na Anvisa e, a partir daí, a vacina estará disponível”. A
previsão dos pesquisadores é de que a vacina chegue à população em cinco anos.
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