Por: Paulo Virgilio. Fonte: Agência Brasil.
Fotos: imguol.com/ funarte.gov.br
/ dicasdacapital.com.br
Edição: Jorge Luiz da Silva
Serrinha, BA (da redação Itinerante
do Blog MUSIBOL)
Elas lutam pela afirmação da forma feminina de uma profissão
tradicionalmente masculina.
Elas são as palhaças, cerca de 50 mulheres, do Brasil e do exterior, que
prometem alegrar o Rio de Janeiro, a partir desta segunda-feira (23), na quinta
edição do Festival Internacional de Comicidade Feminina – Esse Monte de Mulher
Palhaça.
O evento, que vai até o próximo domingo (29), terá dez espetáculos,
oficinas sobre o universo circense e uma exposição fotográfica, com entrada
gratuita.
A programação ocorrerá no Espaço Sesc, em Copacabana, zona sul do Rio;
na Escola Sesc, em Jacarepaguá, na zona oeste da cidade, e no Parque do
Flamengo, onde será montada uma tenda de circo. A expectativa dos organizadores
de Esse Monte de Mulher Palhaça é reunir pelo menos 2 mil pessoas.
A ideia do festival surgiu em 2003, quando as integrantes do grupo As
Marias da Graça, pioneiro em palhaçaria feminina no Brasil, participou de um
evento internacional do gênero, no Principado de Andorra. Dois anos depois, em
2005, o grupo realizava no Rio de Janeiro, contando apenas com recursos
próprios, a primeira edição do festival, que desde então vem se firmando como
um evento bienal.
“Nós buscamos a comicidade com caracterização e ponto de vista feminino,
porque somos mulheres”, explica Geni Viegas, uma das atrizes-palhaças carioca
que fundou o As Marias da Graça, juntamente com Samantha Anciães, Karla Concá e
Vera Ribeiro. “Tradicionalmente, o palhaço é uma profissão masculina. Mesmo as
mulheres que conseguiam romper essa tradição costumavam se apresentar como
palhaços homens, ou seja, criando personagens masculinos”, conta Geni, a
palhaça Mafalda.
Esse Monte de Mulher Palhaça foi o primeiro festival internacional de
comicidade feminina realizado no Brasil e o terceiro no mundo. Esta quinta
edição traz um diferencial: as atrações internacionais são quase exclusivamente
latino-americanas - Colômbia, Uruguai e Argentina - além do México.
Entre as brasileiras, há representantes do Ceará, Distrito Federal, de
Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina, além do Rio de Janeiro. O premiado
espetáculo Pelo Cano, do grupo paulista Las Ventanas, é uma das atrações. Outro
destaque é o catarinense A Garota da Capa, que tem direção do inglês John
Mowat.
Sem abrir mão do humor, as temáticas são variadas e algumas têm um forte
enfoque social. É o caso, por exemplo, do espetáculo O Cotidiano, no qual a
palhaça argentina Valeria Berretta aborda, de forma divertida, a realidade de
milhões de mulheres que lutam para sobreviver e criar seus filhos sozinhas. Já
a uruguaia Andrea Martinez representa uma dona de casa que se rebela, em
Pachaska – Mujer Selvage.
As oficinas sobre palhaçaria serão de segunda-feira (23) a quarta-feira
(25) na Escola Sesc.
De quinta (26) a domingo (29), o Espaço Sesc recebe apresentações e a
exposição fotográfica Palhaças Peladas – A Real Beleza, de Cris Muñoz, que
também fará palestra sobre as verdades e inadequações de ser palhaça perante a
sociedade.
Para Geni Viegas, ainda há preconceito contra a palhaça nos circos e até
mesmo em festivais de arte circense. “Este é mais um campo para a afirmação da
mulher”, disse.
Mesmo fora do picadeiro, sua personagem Mafalda já foi vista com
estranheza. “Quando comecei a sair às ruas caracterizada como palhaça, tinha
gente que achava que eu era uma travesti”.
0 comentários:
Postar um comentário