Por: Thais Borges. Fonte: Correio24Horas
Salvador, BA (da redação
Itinerante do Blog MUSIBOL)
Salvador terá 40 estações como esta, onde usuários podem pegar bicicletas. Foto: Correio24Horas
Usuários pagarão uma taxa anual
de uso de apenas R$ 10 e estarão livres para alugar as bicicletas nas estações;
as primeiras chegam já no dia 22
Se você é daqueles que não se
sentem à vontade, nem seguro, para andar de bicicleta em Salvador, saiba que as
coisas podem mudar. A partir do dia 22 vai ser mais fácil usar as bikes por aí,
mesmo que você se depare com uma ou outra ladeira pelo caminho. Nesse dia será
lançado o Movimento Salvador Vai de Bike, que pretende estimular o uso das
bicicletas na cidade.
Com a iniciativa, uma parceria da
prefeitura com o Banco Itaú, Salvador deve receber 400 bicicletas até o fim do
ano. A proposta é implantar um sistema de compartilhamento. Assim, as bikes
devem ser distribuídas em 40 estações, localizadas em pontos estratégicos na
cidade, da Ribeira até Itapuã.
Segundo o secretário do
Escritório Municipal da Copa do Mundo 2014, Isaac Edington, o objetivo inicial
é criar um legado do Mundial. “É uma alternativa de transporte público, que
contribui para a melhoria da qualidade de vida da população”, afirmou.
Foto: opublico.com.br
De acordo com ele, o programa é
inspirado em um modelo comum em cidades como Paris e Nova York. No Brasil, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto
Alegre e Recife já contam com sistemas semelhantes.
Também no dia 22 será inaugurado
o primeiro trecho do Circuito de Lazer e Turismo. O trecho, que vai do Largo do
Campo Grande ao Centro Histórico, terá, aos domingos, ciclofaixas para que os
ciclistas possam circular pela rua. Separadas das vias dos carros por cones, as
ciclofaixas terão largura de 2,4 m e funcionarão das 7h às 16h, aos domingos.
Funcionamento
No dia do lançamento, apenas cinco estações devem ser inauguradas:
no Cine Glauber Rocha (Praça Castro Alves), Praça da Piedade, Campo Grande,
Porto da Barra e próximo ao restaurante Barravento, na orla da Barra. Cada uma
contará com dez bicicletas.
Para usar o sistema, a primeira
coisa que os interessados devem fazer é o cadastro no site do projeto, que será
lançado na próxima semana, segundo o secretário. Uma taxa anual de R$ 10 será
cobrada no ato do cadastramento, que será realizado com o cartão de crédito do
usuário. Depois do cadastro é só ir até uma das estações onde estão as
bicicletas — o serviço estará disponível das 6h às 22h.
Para retirar a bike, bastará
fazer uma ligação para a central telefônica do projeto, cujo número também deve
ser divulgado na próxima semana, ou usar um aplicativo para smartphones. Além
disso, vai ser possível usar o Salvador Card. “As pessoas não vão usar o Salvador Card para
pagar, mas vão passar o cartão e liberar a bike”, explicou Edington.
Cada bicicleta pode ser utilizada
por até 45 minutos. Depois, deve ser devolvida. “Se a pessoa extrapolar, terá
que pagar R$ 5 para cada meia hora excedida”, afirmou Edington. A taxa será
cobrada diretamente do cartão de crédito — quem não tem cartão não terá como
usar o sistema.
Foto: vejasp.abril.com.br
Após a devolução, é preciso
esperar 15 minutos para pegar outra bicicleta. Tudo isso porque o objetivo do
sistema é que a pessoa troque de bicicleta ao chegar em cada estação. “Elas
devem ser usadas para trajetos curtos. O tempo de 45 minutos é suficiente,
porque o ideal é que a distância entre as estações não passe de 1 quilômetro”,
afirmou o secretário.
Mas o secretário garante que ninguém
vai ter motivos para se preocupar com cobranças extras. A menos que alguém
fique sem devolver a bike ou estrague alguma das peças. “No contrato, a pessoa
vai ser informada do valor da multa, a
depender do que aconteça”. Ainda assim, o secretário diz que nas outras cidades
nunca houve nenhum tipo de problema.
Edington afirmou ainda que, no
dia do lançamento, serão disponibilizadas 30 bikes extras que ficarão em três
tendas ao longo do trecho de ciclofaixa.
Segurança
Mesmo durante a noite, as bikes
permanecem nas estações. Ainda assim, Edington não teme que sejam roubadas. “O
sistema é seguro. Em Recife, por exemplo, as estações foram quebradas durante
as manifestações. Mesmo assim, as bicicletas continuaram no mesmo lugar”. Por
outro lado, se algum vândalo roubar uma peça, a empresa fará a manutenção.
“Esperamos que a novidade ajude a
formar novos ciclistas”, afirmou o secretário. De acordo com ele, o programa
inclui, ainda, campanhas de conscientização.
“Os motoristas veem os ciclistas
como intrusos. Mas, quando tivermos mais ciclistas, acredito que vai gerar uma
tensão positiva e vão ter que respeitar”, analisou.
Clique na imagem para ampliar:
Bicicletários
Ainda de acordo com Isaac
Edington, serão construídos na cidade 500 paraciclos — os suportes onde
bicicletas podem ser presas. “Se vamos incentivar o uso das bicicletas, é
preciso ter bicicletários. Fizemos um levantamento e descobrimos que, no Centro
Histórico, por exemplo, não tem nenhum paraciclo”, disse.
Apesar de ainda não existir um
prazo para a colocação de todos, o secretário informou que a expectativa é que,
até o dia 22, já tenham sido implantados 50. Eles devem ficar em locais como o
Porto da Barra e as quadra esportivas de Ondina e do Rio Vermelho.
Associação de ciclistas acredita
em redução no uso de carros
Desestimular o uso de carros e
tornar viável a ida e vinda ao trabalho de bicicleta. Na opinião de Valci
Barreto, fundador da Associação dos Bicicleteiros do Estado da Bahia, as políticas
públicas de transporte deveriam dificultar o acesso de carro aos bairros de
grande concentração comercial, com estacionamentos caros, e, de outro lado,
estimular o uso das bicicletas. “Nós beneficiamos tanto o carro que ficou que
nem menino pequeno, você deu tanto para ele que ele acha que pode tudo”,
comparou Valci, que contabiliza ter participado de sete encontros
internacionais de ciclistas.
Ele ressalta a importância da
construção de ciclovias e ciclofaixas, mas avalia que esses espaços não são suficientes
para estimular a troca do acelerador pelo pedal. “Em ruas estreitas e antigas
não há espaço para ciclovias. Em todos os países que a bicicleta deu certo é
porque houve educação, o carro respeita o ciclista no mesmo espaço”, ponderou.
Foto: euvoudebike.com
Valci salienta que, isoladas, as
ciclovias não permitem que as pessoas saiam de casa e cheguem ao trabalho sem
ter que, em algum trecho, se arriscar entre os carros. Ele cobrou ainda que as
empresas construam vestiários em que os seus funcionários possam trocar de roupa.
Barreto ponderou a baixa contribuição da criação de faixas aos fins de semanas
para a melhoria da mobilidade. “Só ajuda o ciclista que pedala por lazer”,
disse.
Estado desenvolve projeto para a
construção de 200 km de ciclovias
Apenas 0,9% da população usa a
bicicleta como meio de transporte, conforme pesquisa de Origem-Destino
realizada pela Secretaria Estadual de Planejamento. Na tentativa de aumentar
esse índice, o estado também tem o plano
de aumentar o número de ciclovias na cidade.
O projeto, elaborado em 2009,
prevê a reforma dos 16 km de ciclovias existentes e a construção de outros 200
km. A primeira etapa, de 86 km, teve a licitação para a elaboração do projeto
executivo lançada no início do ano, mas como nenhuma empresa se manifestou, técnicos
da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) estão
elaborando o projeto.
O órgão não soube estimar quando
a licitação da obra será realizada, mas assegurou que a primeira etapa será entregue à população até a Copa do
Mundo. Constam nessa fase o entorno da
Arena Fonte Nova, Centro Antigo, CAB, Via Expressa, além de
requalificar as ciclovias das avenidas
Centenário, Garibaldi, Paralela, Praia da Barra dos Coqueiros e Otávio Mangabeira.
Na licitação do Metrô de
Salvador, concluída no mês passado, já há a previsão de que todo o projeto das
estações deve possuir bicicletários e espaço para as bikes em vagões especiais.
Os ônibus das linhas alimentadores BRTs também deverão ter compartimento
frontal para o transporte das bicicletas.
Segundo a Conder, prefeitura e
estado trabalham em conjunto para evitar sobreposição de projetos e falta de
conexão entre os trechos construídos. “A 1ª etapa do projeto encontra-se em
fase de compatibilização com outros projetos e em análise com os órgãos
competentes da prefeitura”, disse o órgão, em nota oficial.
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