Por: Flávia Villela. Fonte: Agência Brasil.
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Salvador, BA (da redação
Itinerante do Blog MUSIBOL)
A arqueologia brasileira descobriu recentemente um acervo único de
artefatos de diferentes períodos históricos, no coração da capital fluminense.
A descoberta do sítio arqueológico ocorreu ao longo dos últimos seis meses,
durante escavações para novas estações do metrô, ao lado da antiga estação de
trens da Leopoldina.
Parte do material foi apresentada nesta semana à imprensa. Dentre as
relíquias, frascos de vidro intactos com conteúdo original, artigos domésticos,
como desodorante e escova de dente. Uma, inclusive, com a inscrição em francês
“Sua majestade o imperador do Brasil”, que pode ter pertencido a Dom Pedro II.
De acordo com o responsável pela pesquisa, Cláudio Prado de Mello, os
objetos, que vão desde o século XVII até o fim do período Imperial (século
XIX), impressionam não apenas pela quantidade, que pode ultrapassar 800 mil
peças, como também pela qualidade e a integridade das peças.
“A arqueologia está perplexa, estamos encontrando uma quantidade não só
imensa, mas inusitadamente bem preservada. Por ser uma área pantanosa e como o
local passou por aterramento também com material orgânico, acabou preservando
peças inteiras, intactas, sem nenhuma fratura, uma lasca”, comemorou o
arqueólogo.
Historiadores já tinham notícia de que a área servia de descarte de
resíduos provenientes do palácio imperial. Para Mello o achado é uma
oportunidade única da sociedade estudar seu passado por meio de evidências do
cotidiano das pessoas que viveram nesses períodos. “É interessante estudar as
coisas simples da vida das pessoas para reconstituir esse cotidiano que a gente
não registra. O desodorante, a caixinha de pasta de dente, ninguém guarda para
deixar de herança”, comentou ele. “A arqueologia está resgatando pedacinhos
dessas vidas e vai ter a oportunidade de estudar, processar essa informação e
recontar a história dessa sociedade”, contou ele.
No local, funciona temporariamente uma fábrica de anéis de concreto para
a construções dos túneis do metrô. A escavação foi interrompida devido ao
cronograma da obra e deve ser retomada em 2016, quando as estações estiverem
prontas e o local limpo para a pesquisa arqueológica.
“Cobrimos todas as trincheiras com camadas diferentes para ficar bem
discernível no futuro até onde a arqueologia foi e quando a obra acabar e a
fábrica [for desativada] no final de 2015, esse material vai ser retirado, essa
camada será removida e o empreendimento vai devolver para a arqueologia o sítio
da forma que deixamos”.
A equipe conta atualmente com mais de 30 profissionais e vai se dedicar
agora a limpar as peças recolhidas e reunir as peças quebradas. Enquanto as
obras estiverem em curso, a concessionária do metrô, está custeando o trabalho
de laboratório, a análise do material e a pesquisa histórica.
Outras preciosidades encontradas nas escavações são um aqueduto
subterrâneo, que provavelmente foi construído sob o comando de Dom João VI, no
início do século XIX, e vestígios do Matadouro Imperial de São Cristóvão, local
de abate de animais, chancelado pelo governo imperial (de 1853 e a 1881).
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