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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Amigos que conviveram com Vinicius relembram histórias do poeta em seminário no MIS

Por: Paulo Virgilio. Fonte: Agência Brasil
Fotos: img2.mlstatic.com/ 2.bp.blogspot.com/
Edição: Jorge Luiz da Silva
Salvador, BA (da redação Itinerante do Blog MUSIBOL)


Desde o início da semana, vários eventos em instituições culturais do Rio de Janeiro comemoram o centenário de Vinicius de Moraes. Na quarta-feira (16), o Museu da Imagem e do Som (MIS) promoveu o seminário Vinicius Centenário: Poeta, Compositor, Homem do Mundo, no auditório de sua sede, na Praça XV, no centro do Rio.

Planejado há dois anos, o seminário teve como curadora a presidenta do MIS, Rosa Maria Araújo, e reuniu especialistas, parceiros e pessoas que conviveram com o "Poetinha". Para ilustrar o convite para o evento, os organizadores escolheram um trecho da letra do Samba da Benção, de Vinicius e Baden Powell: "A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida".

De manhã, a partir das 10h, a primeira mesa discutiu Vinicius na literatura, tendo como participantes o editor Eduardo Coelho, um dos organizadores do arquivo literário do poeta, que hoje está na Casa de Rui Barbosa, o poeta Geraldo Carneiro e o pesquisador Miguel Jost. A mediação foi do jornalista Flávio Pinheiro.


Na parte da tarde, foram duas as mesas-redondas. A primeira discutiu Vinicius na música, reunindo o compositor e parceiro Carlos Lyra, a cantora Miucha, o jornalista João Máximo e a escritora Cláudia Matos, com a mediação a cargo da jornalista Maria Lúcia Rangel.

“Eu conheci Vinicius de Moraes desde sempre. Ele era amigo de meu pai [o historiador Sergio Buarque de Hollanda], viu a gente nascer e era uma presença muito constante nas nossas vidas. Era uma alegria quando Vinicius chegava à nossa casa”, lembrou Miucha. “Com a maior paciência, ele me ensinou os primeiros acordes de violão. Vinicius conhecia música, tinha uma musicalidade muito grande, suas harmonias eram corretíssimas. Acho que se ele não tivesse encontrado tantos parceiros formidáveis pela vida, teria desenvolvido mais esse lado [de compositor]”, disse a cantora, que nos anos 70 fez shows ao lado de Vinicius.

Para o parceiro Carlos Lyra, além de uma acentuada musicalidade, Vinicius também enxergava possibilidades teatrais nas composições. Foi o que ocorreu quando o parceiro Lyra entregou, para que ele fizesse as letras, as músicas que acabariam se tornando o repertório da comédia musical Pobre Menina Rica. “Com essas musiquinhas aqui, parece que você me quer contar uma historinha. A primeira parece um cara cantando uma canção para a sua amada. Olha a segunda: vê se já não é a amada respondendo à canção do cara. Você escreveu uma comediazinha musical e não se deu conta”, disse Vinicius, em uma das várias histórias lembradas por Carlos Lyra.

A terceira mesa, a partir das 16h, teve como tema Vinicius Homem do Mundo e foi o espaço para uma discussão sobre as diversas facetas do poeta e os traços marcantes de sua personalidade. A trajetória do Vinicius diplomata foi abordada pelo embaixador Marcos Azambuja, colega do poeta no Itamaraty. O cineasta Miguel Faria Jr., autor do documentário Vinicius, e a jornalista Gilda Mattoso, última mulher do poeta, também participaram da mesa, mediada pelo jornalista Zuenir Ventura.

“Vinicius odiava gente mal-humorada. Ele costumava dizer que preferia uma pessoa mau-caráter a uma pessoa sem humor”, disse Gilda, que também fez um relato dos problemas de saúde que afetaram o poeta em seus últimos anos de vida, e da resistência dele em seguir os tratamentos. “Após o derrame, ele começou a me apresentar para todo mundo como viúva. Achava aquilo terrível, afinal eu estava apaixonada. Mas depois passei a gostar, porque eu pensava que ele queria ficar comigo a vida inteira”.

O MIS abriga hoje em seu acervo 24 coleções, de compositores, gente da música, fotógrafos como Augusto Malta, pesquisadores e colecionadores, além do que a própria instituição produziu, a série Depoimentos para a Posteridade. “A série soma hoje mais de mil depoimentos, e um deles é o do Vinicius de Moraes. Ainda era na época do depoimento em áudio, em fita de rolo, depois em fita cassette. No depoimento dele, que é maravilhoso, você ouve o barulhinho do gelo no copo, porque ele deu o depoimento tomando uísque, que para ele era o melhor amigo do homem, o 'cachorro engarrafado'", disse a presidenta do MIS.

Segundo Rosa Maria Araújo, nas coleções que integram o acervo, Vinicius está presente em fitas de áudio, discos, partituras, textos, fotos, recortes de jornal, vídeos e filmes. Na futura sede do MIS, que será inaugurada no fim de 2014 na Avenida Atlântica, em Copacabana, o Poetinha terá um grande destaque. "Nós vamos ter 13 temas na exposição permanente, entre eles o humor, o carnaval, Carmen Miranda, a paisagem carioca. O segundo andar será todo dedicado à música, com a história do samba, do choro e da bossa nova, do rádio e nisso o Vinicius de Moraes vai entrar o tempo todo”, informou a presidenta do museu.

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