Por: Luciano Nascimento. Fonte: Agência
Brasil
Fotos: routenews.com.br /
3.bp.blogspot.com / thebridgeglobal.com.br
Edição: Jorge Luiz da Silva
Caldas do Jorro, BA (da redação
Itinerante do Blog MUSIBOL)
Entre 2005 e 2011, um terço dos indiciados por tráfico de
pessoas foi pego em região de fronteira. A pesquisa Diagnóstico sobre Tráfico
de Pessoas nas Áreas de Fronteira no Brasil mostra que, dos 384 indiciamentos,
128 foram registrados na fronteira brasileira que abrange 15.719 quilômetros em
11 estados – Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará,
Paraná, Rio Grande do Sul, Roraima, Rondônia e Santa Catarina.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que os
números estão longe de refletir a realidade e classificou o tráfico de pessoas
de “crime subterrâneo”, devido à dificuldade de verificar a ocorrência. "O
número de inquéritos e de vítimas são muito pequenos perto daquilo que nós
presumimos ser a realidade", disse ontem (18) o ministro, no lançamento da
pesquisa.
A maioria das vítimas é formada por mulheres na faixa dos 18
a 29 anos. Além delas, fazem parte do grupo crianças e adolescentes, travestis
e transgêneros, geralmente em condição de vulnerabilidade, seja pelas condições
socioeconômicas, por conflitos familiares ou pela violência sofrida na família
de origem. Em geral, o aliciamento é feito por alguém próximo à família.
O estudo mostra que, além dos tipos mais comuns de tráfico –
para exploração sexual e para trabalho em regime análogo à escravidão,
presentes em praticamente todos os estados fronteiriços – outras modalidades
foram registradas. Entre elas, estão meninos que recebem a falsa promessa de
aliciadores de que vão se tornar jogadores de futebol profissionais no
exterior. Esses casos nos estados do Acre, Paraná e Pará. No Paraná, também foi
relatado casos de adolescentes sul-coreanos eram trazidos ao Brasil por aliciadores
para jogar futebol e ficaram com os passaportes retidos.
O trabalho também mostra casos de crianças adotadas em
cidades do interior para servir de trabalhadoras domésticas nos estados do
Amazonas, Pará, Rondônia, de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Já os estados de
Roraima, do Pará, do Amapá, de Mato Grosso do Sul, do Rio Grande do Sul e
Paraná tiveram casos de pessoas exploradas para atuar como mulas para o tráfico
de drogas (transportar substâncias proibidas).
A pesquisa mostrou ainda o desconhecimento sobre o tráfico de
pessoas indígenas nas regiões mais remotas e que migram de um estado para
outro, de um país para outro. "Tráfico de índios que são forçados muitas
vezes a serem mulas para transportar drogas e de índios que são levados para
mão de obra escrava em plantações, na Região Sul do país", disse Cardozo.
Para Cardozo, é preciso investir em campanhas de
conscientização da população para combater esse tipo de crime. Em maio de 2013,
o Ministério da Justiça e o Escritório das Nações Unidas para sobre Crimes e
Drogas (Unodc) lançaram a campanha “Coração azul” para inibir o tráfico de
pessoas. As denúncias podem ser feitas pelo Disque Denúncia Nacional, ou Disque
100 e pela Central de Atendimento a Mulher, Ligue 180.
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