Por: Heloisa Cristaldo. Fonte: Agência
Brasil.
Fotos: hojeemdia.com.br /
ebc.com.br
Edição: Jorge Luiz da Silva
Salvador, BA (da redação
Itinerante do Blog MUSIBOL)
O número de denúncias de tráfico de mulheres no país teve
aumento de 1.547% no primeiro semestre deste ano, em comparação ao mesmo
período de 2012. Nos meses de janeiro a junho, o canal de atendimento Ligue 180
recebeu 263 denúncias, das quais 173 sobre casos internacionais e 90 no Brasil.
Em 34% dos registros, havia risco de morte da vítima. Os dados fazem parte do
balanço semestral divulgado hoje (7) pela Secretaria de Políticas para as
Mulheres da Presidência da República.
De acordo com a ministra Eleonora Menicucci, o aumento das
denúncias está relacionado ao impacto das campanhas e possibilitou o
desbaratamento de quadrilhas que traficavam brasileiras. O levantamento apontou
que a maior parte das denúncias foi feita pela mãe da vítima. As denúncias
revelaram exploração sexual, de trabalho, remoção de órgãos e adoção.
“O aumento é assustador, mais de 1.500%. Em 2012, foram
apenas 17 denúncias”, disse a ministra. Nos 90 casos denunciados de tráfico de
pessoas dentro do país, 64 eram sobre exploração sexual, 25 exploração de
trabalho e uma de adoção.
O serviço Ligue 180, que recebe denúncias de violência contra
a mulher e também orienta sobre direitos, atende a 56% dos municípios. De
janeiro a junho deste ano, foram registrados 306.201 atendimentos, como em todo
o país. Os 50 municípios que mais acessaram o canal têm até 20 mil habitantes.
“Isso significa a interiorização do Ligue 180 e torna visível
a violência contra as mulheres. O conhecimento está chegando nos grotões do
país, está nos dizendo que também há violência contra as mulheres no interior
do país”, avalia Eleonora Menicucci.
No primeiro semestre, as cidades de Gabriel Monteiro (SP),
Rio Doce (MG) - ambas com menos de 3 mil
habitantes - e o estado do Amapá lideram
o ranking de ligações, com pedidos de informações sobre os direitos das
mulheres e denúncias. Nas áreas rurais, foram feitos 2 mil atendimentos,
referentes a quase 7% dos relatos.
O quadro das denúncias aponta que mais de 80% dos relatos de
violência, o agressor era o companheiro, cônjuge ou ex-namorado da vítima. Em
quase 20% dos casos, a relação tinha entre cinco e dez anos. Segundo as
usuárias do canal, os primeiros atos de violência apareceram no início do
relacionamento. A prática diária da violência foi constatada em quase metade
dos casos.
Desde a criação do canal, em 2006, já foram registrados mais
de 3,3 milhões de atendimentos. Neste período, das chamadas recebidas pelo
Ligue 180, mais de 470 mil pediam informações sobre a Lei Maria da Penha. A
ministra defendeu a lei e argumentou que a precisa ser mais divulgada.
“A lei é um sucesso, ela tem que ser aperfeiçoada na sua
implementação. A lei veio para ficar e agregou outros instrumentos de defesa da
mulher”, disse. "Enquanto não tivermos uma rapidez, continua a mesma
situação. A mulher vai à delegacia, pede que a medida protetiva. Quando essa
medida chega, a mulher já morreu. Temos feito parcerias com os tribunais dos
estados para acelerar esse processo. O instrumento legal da medida protetiva é
fundamental", completa.
De acordo com a ministra, ainda não há dados consolidados
sobre a solução das denúncias registradas no canal. Para aperfeiçoar o serviço,
a pasta vai insvetir R$ 25 milhões até o final de 2014 no processo de alteração
do canal para Disque 180. As denúncias serão redirecionadas para o Ministério
Público, a Polícia Civil e Militar ou para o Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência (Samu). O novo sistema deve começar a funcionar em dezembro deste ano.
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